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Só Tomo Café Amargo

A vida é impureza em sua essência

Mazelas, desilusão, sofrimento

Sorrisos, desapegos, amor

Nostalgia, saudade, amizade

Nada disso é puro ou perfeito

Talvez por isso eu viva em desespero

Tentando achar motivos para seguir em frente

Buscando um sentido para a minha vida

Sabendo que o único destino certo é a morte

O resto é brilho e perfumaria

O fardo é extremamente pesado

A dor e a agonia são constantes

A conscientização de que só o fim é certo

Causa uma certa afazia de sentimentos

Anestesiando o coração do cativo

As chagas já não ardem nem dilaceram

A alma pena em ser o que mais dói

E o corpo sucumbe diante dos males

As borboletas no estômago já não existem

Foram comidas por todos os sapos que engoli

Só tomo café amargo

Que é para ver se a vida parece mais doce

O caos tenta vir para me limpar

Para purificar a minha existência vil

Mas a verdade é que não há pureza na vida

Nem toda a maldade está em quem faz o mal

Há maldade também em quem se omite

A vida é impureza e só a morte é pura

Pois é ela quem finda todo o bem e todo o mal

Acaba com os sonhos e os pesadelos

Finita presença insignificante é a minha

Quem sabe a morte me ressignifica

E torna puros os sentimentos que carrego

Poema originalmente publicado no 20 de fevereiro de 2020 no antigo O Blog Do Victão.

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