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Figura De Linguagem

Andou, correu e voou como numa gradação

Opôs-se à minha presença como numa antítese

Pensei que ia morrer de amor como numa hipérbole

E o tum tum do meu coração se fez como numa onomatopeia

O seu olhar em omissão como numa elipse

Chovendo, assim, no molhado como num pleonasmo

Seduziu, sensualizou, dançou como num assíndeto

E dançou, e dançou, e dançou, e dançou como numa anáfora

Sorria pra mim, mas me ignorava como numa ironia

O copo de cerveja falava comigo como numa personificação

Fazendo a minha loucura parecer sã como num hipérbato

Com paixão, com amor e com tesão como num polissíndeto

Surrupiou o meu coração de mim como num eufemismo

Tornando-se a minha razão de viver como numa metáfora

Queria trocar a minha paixão por você como numa metonímia

Posso ter todas as figuras de linguagem para tentar retratar

Mas a sintaxe do nosso amor não se explica

A minha gramática e só te amar e amar

Ironicamente, nosso romance não se escreve em verso ou prosa

É literatura moderna, que toma qualquer forma ou conteúdo

É Machado, é Rodrigues, é Coloneze, é Seidel, é Marques

O nosso amor é qualquer coisa, como uma figura de linguagem

Poema originalmente publicado no 14 de fevereiro de 2020 no antigo O Blog Do Victão.

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