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Noite a Dentro

O badalar do relógio indica meia noite

Os olhos já me traíam

Já cansado e fadigado, evitava me manter desperto

O sono dominava os meus atos

Caminhava a passos largos para o reino de Morfeu

Travava uma batalha inglória, mas não conseguia dormir

Acreditava que não precisava ficar mais acordado

Barbitúricos, remédios e entorpecentes só me deixavam ébrio

Não me despertavam mais

Já passava de uma da manhã, mas eu ainda acordado

Quase um morto vivo, fazendo as coisas sem sentido

O relógio parece que corre mais rápido quando você quer dormir

A insônia me transforma em um ser letárgico

Quase estado vegetativo, até um pouco catatônico

A cama me abraça, mas não me acolhe

Já são duas da manhã e não prego o olho

Fico imaginando todas as técnicas para dormir

Conto carneirinho, tomo um copo de leite morno

Fecho os olhos, concentro, medito, rezo

Parece que nada faz efeito

Ligo a tv e tento fazer com que o sono venha

Morfeu parece não me julgar digno do seu reino

Rolo de um lado pro outro da cama e nada

O farfalhar dos olhos simplesmente lacrimeja

Mas nada é suficientemente eficiente

Bate três horas da manhã e o cansaço já me abandonou

Só a irritação me acompanha

A cama já não serve para se deitar, mas para se estar

Olho para o teto como quem busca uma solução

Saio do quarto, dou uma volta pra tentar desligar

Já cismado, sento-me na sala e observo os sons ao meu redor

É mosquito, é buzina, é alarme, é gato, é cachorro...

Ouço até o som da escada de madeira se realinhando com a temperatura

Cada som é mais um motivo para querer dormir

Mas o que fazer se o sono não vem?

Já são quatro da manhã e o panorama não se altera

Com a mente em ebulição, já acho que Morfeu tomou de mal comigo

Fingindo acreditar em assombração, volto para a cama e me cubro

Quem sabe assim o sono não aparece?

Afasto a mente de pensamentos longos

Tento assim desacelerar o cérebro

A insônia já se tornou minha dona

Começo a perder de vez a vontade de dormir

Ligo a tv novamente, assisto qualquer porcaria

Vejo, mas não observo, não assimilo mais nada

Quando bate cinco horas, abandono a ideia de dormir

Já são vinte e quatro horas direto no ar

Levanto da cama após essa batalha e já sei que perdi

Me encaminho ao banheiro em passos trôpegos

Sou um arremedo de mim mesmo

Com abstinência de sono, tomo banho

Escovo os dentes, boto uma roupa qualquer

Já não tenho sono, muito menos vontade de dormir

Eu já não sou quem eu queria

Por um caso fortuito, ainda habito meu corpo

Tomo uma xícara de café e sigo na vida

Não durmo, mas ainda sonho

Mesmo que seja acordado

Poema originalmente publicado no 08 de julho de 2016 no antigo O Blog Do Victão.

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