Já não escrevo como antes
A vida não é só amor ou dor
Me vejo em versos distantes
E a vida não tem mais o mesmo sabor
Cansei do meu ponto de vista raso
O que sinto é diferente do que vejo
Me perco num momento ao acaso
Me perco no gosto de um beijo
Minha alma já se encontra cansada
A minha mente se perde, vagueia
O corpo se opõe a vida levada
Enquanto ainda corre sangue na veia
O caráter se molda nos sins e nãos
Narciso achava feio o que não era espelho
O vil metal ainda é riqueza para as mãos
Gosto quando o sol tinge a sala de vermelho
Queria livros que contassem a minha história
Mas não se vê glórias em perdedores
Talvez meus textos me avive a memória
E eu me desfaça dos falsos amores
Eu já não escrevo como eu escrevia
As palavras ditas hoje me são estranhas
Aquelas que eu pronunciei quando não devia
E que hoje me parecem queimar as entranhas
Poema originalmente publicado no 08 de fevereiro de 2020 no antigo O Blog Do Victão.