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Duas Garrafas e Meia

Como não notei antes que esse seu sorriso era só melancolia

Você fingia que estava feliz, mas isso era só fachada

Eu notava a sua tristeza bem funda em seu olhar e não entendia

Porque alguém manteria suprimida a sua desilusão guardada

Toda vez que eu te olhava, eu percebia um choro engasgado

O seu olhar embargado, pouco se notava por olhares menos atentos

Sempre eu tentava te confrontar, acaba com o grito abafado

Sentia que era tudo culpa do mundo, ninguém estava assim isento

Te puxei no canto para saber o que com você se passava

Você saiu apressada, dizendo que não era nada e que precisava de tempo

Tentei te alcançar, mas quanto mais eu insistia, mais você se afastava

Nosso passo acabou fora de compasso, ficamos a destempo

Disse-me, desarvorada, que já era grandinha e que sozinha se cuidava

Pensei na dor que eu vira, mas preferi me afastar de você

Cada um que sabe de si, só você sabia aquela dor que encruava

Eu simplesmente não entendia quem era capaz de querer te ver sofrer

Foi para casa certa de que o pior já tinha passado, queria uma taça

Bebeu duas garrafas e meia, se entorpeceu de vinho

Só quem já sofreu, sabe que com álcool a vida embaça

Você preferia o álcool ao colo, cafuné e carinho

Depois de um tempo, na madrugada já embriagada

Lançou mão do telefone para me pedir pra te ajudar

Chorava copiosamente, como se fosse uma pobre coitada

Acreditava que era indigna de se amar

Contudo, me permitiu ir lhe resgatar

Mas na verdade, você só precisava esquecer a dor

Abrir mão do que está a te machucar

Deixa de lado a melancolia e deixe explodir o amor

Poema originalmente publicado no 24 de julho de 2016 no antigo O Blog Do Victão.

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