Duas Garrafas e Meia
- oblogdovictao
- 24 de jul. de 2016
- 2 min de leitura
Como não notei antes que esse seu sorriso era só melancolia
Você fingia que estava feliz, mas isso era só fachada
Eu notava a sua tristeza bem funda em seu olhar e não entendia
Porque alguém manteria suprimida a sua desilusão guardada
Toda vez que eu te olhava, eu percebia um choro engasgado
O seu olhar embargado, pouco se notava por olhares menos atentos
Sempre eu tentava te confrontar, acaba com o grito abafado
Sentia que era tudo culpa do mundo, ninguém estava assim isento
Te puxei no canto para saber o que com você se passava
Você saiu apressada, dizendo que não era nada e que precisava de tempo
Tentei te alcançar, mas quanto mais eu insistia, mais você se afastava
Nosso passo acabou fora de compasso, ficamos a destempo
Disse-me, desarvorada, que já era grandinha e que sozinha se cuidava
Pensei na dor que eu vira, mas preferi me afastar de você
Cada um que sabe de si, só você sabia aquela dor que encruava
Eu simplesmente não entendia quem era capaz de querer te ver sofrer
Foi para casa certa de que o pior já tinha passado, queria uma taça
Bebeu duas garrafas e meia, se entorpeceu de vinho
Só quem já sofreu, sabe que com álcool a vida embaça
Você preferia o álcool ao colo, cafuné e carinho
Depois de um tempo, na madrugada já embriagada
Lançou mão do telefone para me pedir pra te ajudar
Chorava copiosamente, como se fosse uma pobre coitada
Acreditava que era indigna de se amar
Contudo, me permitiu ir lhe resgatar
Mas na verdade, você só precisava esquecer a dor
Abrir mão do que está a te machucar
Deixa de lado a melancolia e deixe explodir o amor
Poema originalmente publicado no 24 de julho de 2016 no antigo O Blog Do Victão.
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