Andaluz
- oblogdovictao
- 19 de jun. de 2016
- 2 min de leitura
Trancou a porta do quarto, apagou as luzes e fechou as cortinas
Não queria o menor contato com a luz do dia
Tornava-se cada dia mais um ser soturno
Encobria com a escuridão a dor que escondia
Fazia do escuro o seu aliado para camuflar a dor
Pretendia assim demonstrar que estava tudo bem
Acontece que poucas pessoas são capazes de a dor mascarar
E você não é capaz de enganar ninguém
Escondeu-se numa realidade paralela
Sua mente vagava e divagava no mundo
Já se julgava como parte essencial das sombras
Virava, dia a dia um ser noturno
Jogada no poço vazio da dor e da solidão
Fazia da sua alma um ser taciturno
Cada vez mais fechado em si mesmo
Alimentando a dor num movimento diuturno
Pensou que sair disso seria extremamente fácil
Que faria algo que pareceria até mágico
Mas quando a dor se sente com a alma
Corre-se o risco de termos um final trágico
Minha vontade é de derrubar a porta do seu quarto
Mas pode deixar, que civilizadamente, ela eu abro
Adentro a seu reino de trevas, bizarrices e dor
Um grande show de horrores, um cenário macabro
Você e a dor tornaram-se um só
Agora era impossível de se conseguir separar
Sua alma era a soma da desilusão e melancolia
Dava pra sentir que era muita dor pra alguém suportar
Mas você, na imensidão da escuridão do quarto
Se sentia no controle de toda essa situação
Fazia de tudo para se mostrar extremamente forte
Mas quem te conhece sabe a dor que deu em seu coração
Porém essa sua dor não é dor para se sofrer
Ninguém deve carregar tanta dor no seu peito
Você pode até falar que merece isso
Mas saiba você que pra toda dor há jeito
Abra a janela e deixe o sol entrar
Deixa o calor do sol te aquecer
Assim você vai se alegrar e sorrir
Venha pra fora, volte a viver
Reveja as cores e formas do mundo aqui fora
Permita que a luz dissipe essas trevas
Deixe a luz te iluminar
Permita que esse sentimento seja de cevas
Não se esconda no escuro, volte pro claro
O mundo é melhor sob a luz
Deixe a energia do sol te preencher
Que você vire andaluz
Poema originalmente publicado no 19 de junho de 2016 no antigo O Blog Do Victão.
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