Minha poesia é pesada
Pesa mais de uma tonelada
Cada palavra atravessa como tiro
Marca os corpos que lêem o que rimo
Corta mais fundo do que faca
Cada verso que eu desfiro, marca
Não falo sobre beleza e flor
Falo sobre morte e dor
Assumo que gosto do gosto de fel
Que carrega minhas rimas a cada papel
Não me faço de rogado
Sei de cada horror que eu trago
Minha janela da alma sangra
Carrego o fogo de Angra
Deixo os versos queimarem o mal
Não sou interrogação, sou ponto final
Sou exorcismo em forma de palavra
Sou a verdade que a mentira não lavra
Sou o passado do futuro que vem
Sou o futuro que nunca convém
Meus versos pesam em peito frágil
Carrego a paz em cada poema vágil
Cansei de fazer você tentar
Agora você é obrigado a pensar
Meu poema vem te atingir como granada
Acusem meus versos de tudo, menos de nada