Lá, onde o morro até parece o céu no chão
Entre barracões de zinco, becos e vielas
As folhas secas não caem ao solo em vão
Fez do engraxate o fidalgo das favelas
Lá, onde o piano sobe o morro
O povo desperta com o apito do trem
Talento aqui não tem aforro
Poesia em Mangueira, se tem
Lá, onde teu cenário é uma beleza
Em cada esquina brota mais um compositor
Em versos eternizou-se a tua realeza
Modestos versos que ao policial tornou cantor
Lá, onde a poesia se alastra como mar
O primo-irmão de dona Zica faz o carnaval
Uso os meus versos para a minha raiz celebrar
Pois o morro de Mangueira é meu lugar ancestral