Não, não é toda palavra que a gente torna poesia
Há palavras que não devem ser ditas
Há expressões benditas
E locuções malditas
Não me venha com suas maldições
Maledicências e lamentações
Não quero seus pensamentos pequenos
Não me destile seus venenos
Suas palavras de baixo calão
Sua verve autoritária parece um canhão
Apontado na minha direção
Só porque sou preto, pobre e artista
Não venha com esse papo de fascista
Quero liberdade de expressão e felicidade
Mas nem toda palavra encontra rima
Ou poema que lhe exprima
Sou só um ourives de palavra
Forjando dores que querem minha lavra
Na minha poesia não cabem dores
Encho ela de cores, sabores e amores
Não vão me ver lutar contra quem sou
Amarei todo alguém que já me amou
Sigo em frente e te conto o meu segredo
Crer que o amor vai sempre vencer o medo