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Novo Leito


E essa chuva lá fora que não para

Lavando o meu rosto e a minha alma

As gotas de lágrima de quem chorara

Escorrem marcando pela minha palma


Sobre a pele escura se derrama a lágrima

E eu com esse meu sorriso sem graça

Enquanto dentro de mim cresce a grima

Eu sigo servindo aos outros de vidraça


Ofuscando os pensamentos mais doídos

Matando a dor que sinto afogada

Sob a água os escárnios estão diluídos

A chuva livra o pecado de alma expiada


Catártico sentido o voraz desgosto

As águas de março me afogam em mim

A chuva cai sobre mim como um dia de agosto

E eu só penso que esse é o meu melhor fim


Água para beber, banhar e limpar

Água para lavar, molhar e benzer

O que tiver que ser, a água vai levar

E que escoe de mim todo o sofrer


Afoguei a minha alma em lágrimas salgadas

Para submergir a dor latente do meu peito

Atrás de respostas corro por ruas alagadas

Como água busco encontrar novo leito

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