A minhoca de metal dilacera corpos e almas
Alimentando-se da esperança do cidadão
Que só pensa em voltar pra casa
De front ao mundo cão
O cotidiano despedaça a vã filosofia
De mais um pobre coitado que dorme
Sonhando em chegar em casa em paz
Ouvindo ao longe o informe
O rodo passa levando a vida de ralo
Mais um Zé que se foi sem motivo
Tentava levar para casa um qualquer
E acabou como um aborto tardio paliativo
A condução já não conduz ninguém
Uma ideia se perde em meio a corpos espremidos
A minha lágrima molha o piso do busão
Derrotados nos deitamos para nos levantarmos destemidos