MatAr
- oblogdovictao
- 15 de abr. de 2020
- 1 min de leitura
Ouço vozes do outro lado da porta
Ninguém para tocar ou ver
O ar que é essencial, agora mata
Ninguém vale o quanto pesa
A morte está à espreita em cada esquina
O toque das mãos pode ser fatal
Lamentos e choros sufocam
A fome nunca foi democrática no Brasil
A carne mais barata no mercado segue
Rumo ao abate genocida dos governantes
“Lave constantemente as suas mãos”
Mas no barraco na favela não tem água
Estamos isolados em nós mesmos
Presos dentro da prisão de ser quem somos
Isso é uma maldição ou um alento?
Ouço choros e ranger de dentes
Sangue, suor e lágrimas cobrem as ruas
Lutamos contra um inimigo invisível
Mas alguns não perceberam a gravidade
E eu trancado aqui na minha masmorra
Quem está do outro lado da porta assinou sua sentença de morte
Na autópsia: Teimosia aguda
O Salvador da Pátria os levou a extermínio
Os corpos se amontoam no necrotério
Enquanto os ricos ocupam os leitos dos hospitais
Os pobres morrem em praça pública
Não se sabe se sob escárnio ou zombaria
Tento me manter saudável em meio a um mundo doente
Abri mão de muita coisa nessa vida
Só não abri mão ainda de viver
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