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A Cidade que não Tem Nome

A Cidade Que Não Tem Nome

Vou andando por estradas cinzas

Seguindo por caminhos que nunca estive antes

Buscando a casa que não tem número

Para conhecer as pessoas que não têm rosto

Ouvir a voz dos mudos que me encontram

Gritar com os surdos que me escutam

Nessa cidade que não tem nome

Sem asas, sem casa, sem medo e com fome

A morte me espreita em cada copa de árvore

Eu faço o salto tortuoso de quem perdeu a calma

No penhasco que expia os pecados intrínsecos

Tentando achar a paz que eu perdi há tempos

Encontrando o martírio dos desolados

Sou mais um da cidade que não tem nome

Vagando por entre becos e largos escuros

A todo tempo cruzo com almas atormentadas

Choram por dores que nem sabem a causa

Sofrem por males que lhes lancinam

Reverberam a consciência coletiva das almas

Passam fome diante do banquete da solidariedade

Ali está a cara da Humanidade

Na cidade que não tem nome

Pobres despojam espólios de miseráveis

Explorados por outros quase pobres também

Que são pobres de tanta coisa que só têm dinheiro

E sofrem vendo a felicidade daqueles que eles roubam

Pobres, pretos, mulheres, gays e necessitados

Seu sangue é que azeita a roda do destino

Em plena cidade que não tem nome

Sinto que nada disso ocorre por acaso

Vejo o futuro ser um reflexo do que passou

Me perco em meio aos vales sinuosos

Navegando por curvas e redondilhas agudas

Tentando por a cabeça para fora dágua

Enquanto tento achar o meu lugar sob o sol

No meio da cidade que não tem nome

Os meus medos fui eu que criei

As neuropatias já cruzam o meu caminho

Enquanto as tormentas afundam os barcos no cais

Eu sou um poço de incertezas e dúvidas

Condensando afetos para eles não caducarem

Me valendo de entorpecentes legalmente receitados

Para deixar de ser essa cidade que não tem nome

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